quinta-feira, 15 de maio de 2014

Infância perdida

Me dói, uma dor sem doença aparente, sem motivo tangente, sem alvo adequado
Me dói uma dor latejante, agulhadas incomodas que, me tiram o sossego
Me deixam tonta, me provocam medo
Me dói o passado que parecia esquecido, agora remexido, sem fazer muito sentido
Me dói! Me dói!...
Me dói uma dor de agredir, de ferir, de vingar
Me dói uma dor que não era minha, mas ficou sendo
Me dói o abandono, a solidão, a decepção
Me dói a dor do outro, que na primeira hora da vida não pude acudir
Me dói as lágrimas contidas, a dor engolida
Me dói a lembrança da infância perdida
Me dói a mente adulta que me tomou de assalto e me jogou no abismo
Me dói!!!

Por quê???

Por que minha criança ainda sofre?
Por que minha criança ainda espera?
Por que minha criança ainda não entende?

Por quê???

Faltou o acalento, uma percepção mais apurada
Faltou o discernimento da criança em meio a batalha
Faltou o colo e o afago
Faltou...

Por quê???



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vivo...

Vivo um despertar, continuo e ascendente
Vivo profunda e aguda alegria
Da simplicidade que desabrocha no dia-a-dia
Vivo de gestos pequenos, mas de emoções grandiosas
De ternura genuína, de amizade gloriosa
Vivo um dia de cada vez, mas o vivo de modo intenso!
Vivo uma felicidade infantil
De caminhos que desconheço.
Vivo, vivendo de verdade!
O desejo que me toma a alma,
Vivo de satisfação que completa,
De amor que transborda...
Vivo de olhar que amanhece, de toque que acalma.
Vivo de sonho projetado, materializado.
Vivo de sentir a pulsação da vida que insiste em existir.
Vivo de amor que transborda, de sonho que acorda
De ternura que toca, de palavras que calam,
De passos que levam, de afagos que demostram,
De confiança que enfeita, de olhares que perguntam?
Vivo uma eternidade a cada suspiro,
Uma viagem a cada parada, uma partida a cada chegada...
Vivo de estar presente, contente, livre.