quarta-feira, 21 de abril de 2010

Bailarina

A poesia é uma bailarina caprichosa, que rodopia no colo do vento...
Graciosa e leve, desenha palavras com seu tutu
Saltitante e desprendida, vai em sua dança formosa
Despertar silenciosa, emoções, risos, alegrias, dores e saudades
A poesia é uma criança feliz, que mesmo quando triste...
Ri achando graça!
Ri em versos, em prosa, em sonetos
Ri de si mesma e ainda faz troça do seu rosto sombrio
A poesia é mulher apaixonada, larga tudo pelo amado
Faz até o que Deus dúvida
Vive cada segundo como se fosse o último e morre se necessário
A poesia é homem cismado,
De ciúme, de medo, de cansaço
Dobra-se melancólica, adormece triste
Acorda entusiasmada...
E descobre na dança, nas letras, na tinta
A vida em si mesma encanada.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A dor é de quem?

Meus olhos acusam lágrimas não derramadas
Meu coração uma dor camuflada
Minha alma um pesar...
Minha mente está perdida em devaneios
Meu espírito tenta acalmar a tempestade, que de repente me invade
Um misto de amor e raiva
De desprezo e dúvida
De ímpeto e espera
A tristeza é transparente
O ser humano se perde
No âmago da reflexão
Solto no vácuo de temores ancestrais
Crise dos 40, do tempo que passa sem aviso
De oportunidades desprezadas
De gestos pouco valorizados
De viver amores condicionados
Raiva de não poder ser apenas
Sem máscara, sem títulos, sem posses
Apenas ser.
Difícil arte de viver em sociedade
Sem magoar, faltar ou comprometer
A felicidade alheia, a esperança e o sonho de quem não nos vê.
Isto é um misto de dor e medo
Um que de desolação
Uma estrada esburacada que vai nos levar para longe do nosso destino
Um vazio cheio de motivos
Um motivo sem razão
Tantas palavras mesquinhas em meio a emoções explosivas
Quinquilharias num porão abandonado...
Num coração roubado
Num infinito mundo, com fim.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vôo

Nos braços das nuvens, assim meio solta...
Feito pássaro abraçado pelo sol
Meio tonta entre o azul e o branco
Mesmo sabendo que tudo é ilusão
Ainda que com asas metálicas
E flutuando como um balão
Pensando voar rápido, bem longe do chão
Podendo entender as águias
Os urubus e tudo que tem asa
Voar nas asas mecânicas, bem longe do chão
Foi assim que entre eufórica e camuflada
Experimentei esta nova sensação
Fingindo naturalidade quando na verdade meu coração era pura diversão
Voei num céu azul, com nuvens de algodão
Sob as cidades pequeninas lá longe no chão.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O caminho do amor

Como pode alguém que diz amar, privar seu objeto de amor das pequenas alegrias?
Como pode esse amor ser desprendido e altruísta?
Como pode esse amor conservar o afeto do ser amado?
Se ele se compraz no prazer egoísta.
Como pode o discurso do amado ser diferente de sua prática?
Como pode o amor se manter vivo diante da indiferença do outro?
Que amor sobrevive a uma via de mão única?
O amor em si é desprendimento e entrega,
Concessão e resignação
É aceitação de parte a parte
E a capacidade infinita de rever conceitos e crenças
É antes e sempre a capacidade de permitir ao outro ser feliz
Do seu jeito e nos sentirmos felizes na sua alegria.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Razões

Talvez não devesse doer, mas minha alma reclama
Talvez nem devesse crescer, mas já é tão grande me sufoca
Talvez eu devesse esquecer, mudar, partir
Mas insisto em ficar...
Talvez nem pudesse permitir
Mas foi ficando, ocupando e agora está assim
Fincado, meio emperrado, difícil de tirar
Tirar do peito, da vida, do coração
É uma dor silenciosa, amarga e triste
Só sei que precisa acabar
Está sendo alimentada de mágoas, de motivos sem razão
Neste momento só quero que passe, que deixe de ser sofridão.